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A lei de imprensa de 10 de Agosto de 1991 não deixa muita clareza sobre quem é de facto jornalista, sendo por isso muito abrangente ao referir que: "entende-se por jornalista, para efeitos da presente lei, o profissional que se dedica a pesquisa, recolha, selecção, elaboração e apresentação pública acontecimento sob forma noticiosa, informando ou opinando, através dos meios de comunicação social, e para quem esta actividade constitua profissão principal, permanente e remunerada", artigo 26. Esta lei foi aprovada há mais de vinte anos daí que, hoje, torna-se importante adaptar-se à realidade actual do país. Esforços tendentes à revisão deste diploma legal estão sendo envidados em prol da liberdade de imprensa, tendo sido já concebido um anteprojecto de lei de imprensa.
Dentre as várias definição a que possam ser atribuídos ao jornalismo, esta actividade pode ser definida sendo simplesmente comunicação. Uma das mais primordiais necessidades humana é a de se comunicar, motivo por que nos tempos remotos os homens desenvolveram formas rudimentares de interagirem com os seus próximos, por exemplo, através de sons de tambores, fumaça, entre outras técnicas.
Esta tendência de transmitir e emitir mensagens acresceu à medida que o tempo foi passando. O homem comunica-se porque assim a sua natureza exige. Aliás, comunicar vem do latim communicare, que significa "tornar comum", "partilhar", "conferenciar". Ou seja, a comunicação pressupõe a troca de informação entre o emissor e receptor. Embora se admita o caso do um elemento poder exercer o papel de emissor e receptor simultaneamente, no caso em que em alguém monologa.
O jornal impresso foi, dentre os meios de comunicação usados contemporaneamente, o primeiro a emergir. O jornal surge da curiosidade natural do homem, de se comunicar e saber o que acontece aqui, ali e acolá. Reza a história que o “boom” na área comunicacional se deu com a invenção da máquina de imprensa de Gutenberg no séc. XV (1455), pelo alemão Johannes Gutenberg, pois permitiu uma massificação e reprodução do conhecimento em grandes moldes. É neste contexto em que o jornal que, primeiramente, era manuscrito e reportava a vida dos membros da classe nobre da sociedade passa a ser impresso, abordando temas das mais diversidades e passa, outrossim, a ser extensivo a todas as classes da sociedade.
Entretanto, a cientificidade da comunicação dá-se com o advento da Revolução Industrial na Inglaterra, no séc. XVIII com a divisão de trabalho, na qual cada área de actividade passou a ter um tipo de comunicação específico; surgindo deste modo as Ciências da Comunicação que estudam a comunicação na sua profundeza e de forma metódica. Os primeiros estudos na área comunicacional surgem na Escola de Chicago, primeira escola de pensamento comunicacional a surgir no âmbito das Teorias da Comunicação e, pouco tempo depois, na Escola alemã de Frankfurt. Estas duas Escolas marcam sobremaneira o avanço das pesquisas comunicacionais.
O jornalismo surge no séc. XVIII, mas ganha feitio tal como o conhecemos hoje no séc. XIX. Contudo, esta actividade é uma especialidade das Ciências da Comunicação, onde encontramos também as Relações Públicas, Publicidade e Marketing. Hoje, o jornalismo transcende o seu mero carácter comunicacional, assim como desempenha papéis relevantes e inquestionáveis nos dias actuais. O saber e actualização vêm plasmados de forma indelével no jornalismo, na medida em que esta actividade tem como principal missão fazer saber (informar) a sociedade acerca dos diferentes factos que constituem assunto da actualidade.
A importância e valor do jornalismo se traduz no profissional que exerce esta actividade, no escriba, ou por outras, no jornalista. A definição de jornalista pode ser resumida num contador de estórias, pois este profissional relata temas de diferentes esferas da sociedade; daí que pela natureza do trabalho vê-se obrigado a saber um pouco de tudo para que não seja esborrachado pela exigência do seu público.
Nos dias de hoje, as características que a sociedade exige ao profissional da comunicação perpassam o gosto pela leitura, domínio da língua na qual se expressa, alto nível de cultura geral, atenção à actualidade e domínio de assuntos, a curiosidade, entre outras habilidades, que fazem com que aparentemente pessoas que as possuem se tornem bons jornalistas. Mas, sobretudo é exigido do jornalista a formação profissional em jornalismo.
O jornalista informa e forma o seu público, tem a capacidade de influenciar nas definições dos temas prioritários da agenda pública, assim como constitui uma força vigilante do poder, motivo por que o jornalismo desde os tempos mais longínquos teve como adversário: a escassez de fontes, o risco de censura, interferência do poder económico que leva a dependência dos media, entre outros factores, que se opõem para que o jornalista não difunda noticias incómodas ou desagradáveis ao poder político.
O jornalismo constitui um elo entre as entidades governativas e o povo, e tem como responsabilidade social informar a sociedade, tendo em conta que ela é heterogenia no que se refere ao seu modus-vivendi. O jornalismo vive e acompanha a história, faz parte do passado, do presente e futuro. Teve, tem e terá a sua vital importância na sociedade, pelo que, se a história não tivesse ditado o surgimento do jornalismo, digo e sublinho que hoje seria crucial inventá-lo.
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