Foto: IREX Moçambique |
Relatório aponta crescimento de artigos sobre género na mídia, mas permanecem desafios de investigação e de inclusão da mulher como fonte. Baixe AQUI (pdf) o relatório.
O Programa Para Fortalecimento da Mídia lançou no dia 29 de Novembro, o relatório referente a cobertura de género na mídia moçambicana.
O Género, a Violência Baseado no Género e o Tráfico de Seres Humanos, que são as três componentes analisadas pelo relatório, atraíram a atenção da mídia em 2015, prevalecendo os desafios de investigação e de inclusão da mulher como fonte.
Em 2014, foram analisadas 139 matérias. Já em 2015, foram identificadas 385 peças jornalísticas entre jornais impressos e electrónicos (diários e semanários). Em geral, os artigos são resultantes de cobertura de eventos organizados pelo governo, organizações da sociedade civil (OSCs) e/ou a cobertura da acção policial e dos tribunais. Casos onde apenas as fontes oficiais do governo são consultadas são comuns.
Esta falta de pluralidade das fontes não permite o entendimento global acerca da complexidade do tema. Por exemplo, no caso de Tráfico de Seres Humanos, 44% das matérias tem uma vertente criminal e enfatiza a actuação policial (detenção dos traficantes e resgaste das vítimas), o que na visão do relatório, peças desta natureza abordam as informações de forma superficial e carecem de aprofundamento.
A exclusão das vítimas e o facto de não ouvir especialistas são na maioria das vezes ignoradas nas coberturas jornalísticas. Na área de género, por exemplo, depoimentos de mulheres em situação de desigualdade ou que já ultrapassaram esta situação são citadas em menos de 30%. As peças não abrem espaço para que as mulheres partilhem suas experiências ou pontos de vista.
Os artigos, na sua maioria, têm como foco os desafios que as mulheres enfrentam e, raramente, destacam as suas conquistas. Observa-se ainda a necessidade de um maior e mais activo envolvimento de mulheres e raparigas na promoção dos seus direitos. No entanto, há falta de inclusão das suas opiniões sobre a forma como as actuais e novas políticas e programas as afectam.
Sobre a VBG e o Tráfico de seres Humanos, alguns artigos trazem dados pessoais das vítimas, passando informações como nome, sexo, idade, faixa etária e bairro de residência. A inclusão destas informações demonstra a falta de proteção das vitimas.
O relatório foi produzido pelo Programa Para Fortalecimento da Mídia, que é financiado pelo Governo dos Estados Unidos da América, através da sua Agência para o Desenvolvimento Internacional (USAID), e implementado pela IREX.
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