O núcleo do MISA-Moçambique em Nampula tomou conhecimento, com justificada preocupação, da confiscação do equipamento de trabalho do jornalista da Rádio Comunitaria de Nacala, Inácio Mutipo, e da ameaça de morte feita ao jornalista e director editorial do jornal Ikweli, Aunício Silva.
Inácio Mutipo viu seu equipamento de trabalho constituído por gravador e dois telefones celulares confiscados pela polícia, quando efectuava a cobertura jornalística do baleamento mortal de um agente da Polícia pelo seu colega, ocorrido na tarde da sexta-feira passada em Nacala-A-Velha, na província de Nampula.
Um dia depois, sábado à noite, na cidade de Nampula, o jornalista e director editorial do jornal Ikweli, editado em Nampula, Aunício Silva, foi alvo de ameaça de morte, por um indivíduo cuja identificação não foi possível apurar. De acordo com o jornalista, pouco depois de abandonar as instalações do jornal, teria sido abordado por um indivíduo que lhe apontou com uma pistola, afirmando que o jornal Ikweli estava a prejudicar a imagem do presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, assim como do candidato deste partido para as eleições intercalares municipais de 24 de Janeiro.
De acordo com Aunício Silva, o referido indivíduo teria ainda dito que o jornalista era jovem, e que não gostaria de ter um fim como o de Mahamudo Amurane. Amurane era presidente do Conselho Municipal da Cidade de Nampula, e foi assassinado a tiro na sua residência, no dia 4 de Outubro de 2017.
De acordo com Aunício Silva, o referido indivíduo teria ainda dito que o jornalista era jovem, e que não gostaria de ter um fim como o de Mahamudo Amurane. Amurane era presidente do Conselho Municipal da Cidade de Nampula, e foi assassinado a tiro na sua residência, no dia 4 de Outubro de 2017.
Os dois casos configuram uma flagrante ameaça à liberdade de imprensa, o que já constitui crime. Confiscar equipamento de trabalho e emitir ameaças de morte, em particular contra jornalistas, deve constituir uma preocupação para as instituições responsáveis pela segurança de bens e pessoas.
A preocupação é crescente quando quem confisca ou atenta à liberdade de imprensa é um agente da polícia.
O MISA Moçambique lamenta e condena este tipo de atitudes e irá analisar a possibilidade de avançar com processos-crime com vista à responsabilização dos actores.
Em vésperas de eleições intercalares na cidade de Nampula, o MISA alerta para a necessidade de os jornalistas estarem atentos às manipulações políticas e evitarem ser usados por políticos para ganhos privados.
Sem comentários:
Enviar um comentário