segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Sobre a Participação de Moçambique nos Jogos Olímpicos

Foto: Google
Os Jogos Olímpicos constituem a maior e mais proeminente competição desportiva da actualidade, sendo realizado num intervalo de quatro anos, onde milhares de atletas de diferentes modalidades participam representando países dos diversos cantos do mundo. Moçambique marcou presença nos Jogos Olímpico realizados neste ano, em Rio de Janeiro – Brasil, tendo sido representado por seis atletas, nomeadamente, Kurt Couto, Joaquim Lobo e Mussa Camaune, Jannah Sonneschin e Igor Mogne e Marlon Acácio.
  
Importa referir que Moçambique estreou nos Jogos Olímpicos em 1980, Moscovo – Rússia. Com os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, esta foi a décima participação do país na competição. Desde a sua primeira aparição, Moçambique conseguiu assegurar presença nas edições subsequentes até então realizadas, como são os casos das olimpíadas de 1984, 1988. 1992, 1996, 2000, 2004, 2008, 2012 e 2016.
No entanto, passado já 36 anos, Moçambique apenas conseguiu até então amealhar duas medalhas em Atlanta – Estados Unidos da América, em 1996, quando a nossa atleta Lurdes Mutola conquistou a medalha de prata e na edição seguinte da competição, em Sidney – Austrália, Mutola pisou no lugar mais alto do pódio, conquistando a tão almejada medalha de ouro na prova dos 800 metros feminino.
Em 2004, Lurdes Mutola voltou a ser a esperança para o país e a principal imagem de Moçambique nos Jogos Olímpicos realizados em Atenas – Grécia. Todavia, nessa competição, não conseguimos amealhar nenhuma medalha, assim como vimos a "menina do ouro" dizer adeus às competições olímpicas. Desde o último e único ouro conquistado por um atleta moçambicano nas olimpíadas, o país nunca mais teve desportistas competitivos que centrassem atenção da nação e fizessem brotar nos corações a esperança da conquista de mais uma medalha.
Há que reconhecermos que o historial dos resultados por nós conquistado não é satisfatório a julgar pelo tempo que o país vem participando dos Jogos Olímpicos. Em mais de 30 anos, Moçambique apenas amealhou uma única medalha de ouro. Para reverter este cenário, o país, através do Comité Olímpico Nacional, deve procurar estudar que desportos têm elevado o nome da nossa nação e procurar investir afincadamente nestas modalidades. Um bom exemplo a seguir é o caso, por exemplo, da Jamaica. Este país tem participado das olimpíadas desde 1948 e de lá a esta parte conquistou, entre ouro, prata e bronze, 78 medalhas em atletismo menos uma nesta modalidade. A Jamaica tem investido no talento dos seus atletas nas provas de velocidade, nas quais tem produzido grandes nomes do atletismo, internacionalmente conhecidos.
Os Estados Unidos da Américo têm se mostrado bastante competitivos em modalidades como Basquetebol, deporto no qual já conquistaram vários títulos e produziram grandes nomes. Olhando para a nossa realidade africana, países como são os casos dos localizados na região do corno de África – Quénia, Etiópia, Somália têm procurado tirar proveito das habilidades dos seus atletas para as provas de resistência, apostado seriamente no atletismo.
A meu ver, modalidades como hóquei em patins, basquetebol (feminino) merecem maior atenção, visto que têm produzido alguns resultados louváveis. Importa referir que a selecção moçambicana de hóquei em patins que, por sinal, é um desporto olímpico, tem participado com certa regularidade nos mundiais da modalidade. Por que não apostarmos nestas modalidades? O Comité Olímpico de Moçambique deve trabalhar com as diversas federações a si filiadas a fim de potenciar as modalidades que se mostram competitivas a nível nacional, regional e ou internacional.
A selecção sénior feminino de basquetebol, outra modalidade presente nas olimpíadas, tem estado presente nos mundiais da modalidade tal como sucedeu, a título de exemplo, na Turquia em 2014. Penso que este é um bom exemplo de desporto o qual vale apena centrarmos atenção. Não adianta apostarmos em modalidades como futebol quando este nunca foi o nosso forte. Reconheço que a representação do país em diversas modalidades olímpicas tem muito a ver com a performance individual dos atletas e nem sempre a presença destes nas competições deve-se ao facto de se ter investido numa modalidade em detrimento da outra.
É necessário treinarmos os nossos atletas psico e fisicamente de forma a fazerem face as competições olímpicas e possamos evitar alguns inconvenientes, conforme o que sucedeu nos últimos Jogos Olímpicos. De referir que em nehuma das modalidades em que o país se fez representar nas olimpiadas – judo, atletismo, canoagem e natação Moçambique conseguiu algum resultado motivador. A nadadora Jannah Sonneschein foi desclassificada por registar duas partidas em falso (mergulho antes do apito do árbitro). Por sua vez, Igor Mogne ocupou o 45º lugar na classificação geral da prova de 100 metros livres de natação, uma classificação muito além do esperado enquanto o judoca Marlon Acácio foi imobilizado pelo adversário logo no início da luta.
Não basta levarmos atletas aos Jogos Olímpicos, é fundamental que estes sejam igualmente competitivos. Temos hoje uma imponente construção de raiz onde funciona o Comité Olímpico Nacional de Moçambique na qual o Estado Moçambicano investiu grandes verbas com vista a sua edificação. Há que fazer jus a existência desta infra-estrutura mostrando-se um trabalho visível e com melhores resultados em relação aos outrora alcançados. Reconheço o esforço envidado pelos Estado moçambicano na promoção do desporto no geral, mas acredito que podemos fazer muito mais.  

Sem comentários:

Enviar um comentário